quarta-feira, 1 de julho de 2009

Cada uma...


Em matéria na Folha de S.Paulo de hoje, fiquei sabendo que a maior parte das gorjetas que deixamos em bares e restaurantes de São Paulo, vai para os patrões e não para os garçons. E mais: em muitos casos, os serviçais não ficam com absolutamente NADA do dinheiro das gorgetas. Eu, que já sempre me incomodei com aqueles 10%, supostamente ‘voluntários’, mas que vem acrescentados a qualquer conta, agora me revoltei de vez.
O assunto vem à tona porque um projeto aprovado na Câmara ‘prevê que os patrões fiquem só com 1/5 da gratificação’. Ou seja: aprendemos que hoje, ficam com muito mais do que isso.

Aprovado em caráter conclusivo na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o projeto segue agora para votação no Senado (no Senado? Ai meu Deus…). E ontem, veja só, os donos de alguns dos restaurantes mais caros de São Paulo, como Antiquarius, D.OM., Vecchio Torino, Jun Sakamoto, A Bela Sintra, La Tambouille e A Figueira Rubaiyat, se reuniram no Fasano ‘para traçar estratégias contra o projeto de lei’. Diz a materia da Folha que os patrões decidiram contratar lobistas para fazer pressão pela derrubada da mudança na lei que, segundo os coitadinhos dos donos dos restaurantes em questão, geraria desemprego e quebradeira no setor. Eles dizem que com os 10% da gorjeta, cobrados na nota fiscal, eles pagam TODOS os impostos e que a mudança oneraria em até 50% o borderô dos restaurantes.

Será que sou eu que sou muito paranóico ou essa história toda está mesmo muito esquisita? Seja lá o que for, cada vez mais passarei a frequentar só os botecos pé-sujo. Naqueles conhecidos, a gente pelo menos sabe quanto o garçom leva ou não leva da gorjeta…

13 comentários:

googala.opsblog.org disse...

paredão neles, ou melhor, uma baguete sem manteiga entrando por baixo até sair na boca.
Ridículo. Que aumentem suas "bagatelas".

Márcia W. disse...

Isso aê Neil,
agora só pé sujo (e com as unhas feitas @Jaguar)

Neil Son disse...

empalamento com baguete, guga? uia!!

Neil Son disse...

vixi marcia, agora me deu noja!

anna disse...

impressionante a cara dura dos caras, escancarando o "esquema" dos 10% prá nós, até então, ignorantes do assunto.

será que ninguém contou prá eles que a gente achava que a grana iria para o garçom?

o senado anda fazendo uma "bela" escola.

anna disse...

e a praquinha na frente do estabelessimento é esselente.

Ana Clara disse...

Eu sempre imaginei que boa parte dos 10% iria para o estabelecimento. Nunca me incomodei muito porque é a convenção. Se bobear, chamam polícia se alguém se recusa a pagar os 10%.

Isso me lembra o comecinho do filme "Reservoir Dogs", do Quentin Tarantino. O esquema é adotar a filosofia do Mr. Pink:

Nice Guy Eddie: C'mon, throw in a buck!
Mr. Pink: Uh-uh, I don't tip.
Nice Guy Eddie: You don't tip?
Mr. Pink: Nah, I don't believe in it.

Mas quem é que vai querer comprar briga com Fasano, Bassi ou Rubaiyat por se recusar a dar 10%?

Eu não.
Continua sendo uma convenção, exceto que agora todo mundo vai ter ciência de que aquela grana extra não vai ajudar em muito o garçom.

Neil Son disse...

anna: tem duas coisas (pelo menos) que não precem não ter limite. a maldade do ser humano e a cara-de-pau dos poderosos.

Neil Son disse...

que parecem não ter limite, que quis dizer...

Neil Son disse...

ah, ana clara, esse é o tipo de briga que eu gosto de encarar. da proxima vez que eu for num restô chique desses daí (com 'patrocínio', é lógico), prometo que não vou deixar os 10%. e tomara que o gerente encrenque comigo. e se chamar a polícia, melhor ainda!

Anônimo disse...

soube que em londres a coisa é igual: restaurante bacana fica com a gorja dos garçons.
pelo jeito, para empresário sacana não há fronteiras.

anna

Tiago Ferreira da Silva disse...

Agora fica a pergunta levemente ingênua:

E quando damos mais que os 10% pra onde será que vão? Será que os donos de restaurantes fazem uma escolta antes do fechamento pra não desviar a conduta da gorjeta?

(hahahah, será que viajei? tem gente que realmente dá mais que 10%? hehheeh)

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Neilson,

Fiquei chocado com esta história. Sempre achei que a totalidade dos 10% iam para os empregados (não apenas os garçons, mas os cozinheiros, lavadores de prato, manobristas, etc.).

A gorjeta é, de uma maneira torta, voluntária sim. Tanto que já adotei, algumas vezes, a atitude de não pagá-la quando me senti muito mal atendido. Se essa história da folha for verdade, vai aumentar minha incidência nesta atitude.