“Aurora borealis/The icy sky at night/Paddles cut the water/In a long and hurried flight/From the white man/to the fields of green/And the homeland/we've never seen”
Esses são os primeiros versos de ‘Pocahontas’, uma das muitas maravilhosas músicas de Neil Young, artista canadense de 62 anos, verdadeira ‘lenda viva’ e um dos pouquíssimos rockstars que souberam (e sabem) envelhecer com dignidade. Nessa música, o compositor desenvolve belíssima fábula unindo a história dos índios americanos à dos esquimós do Alasca, fazendo uma analogia com o incrível fenômeno da aurora boreal, privilégio das áreas próximas ao Pólo Norte.
Há muitos anos acompanho sua carreira, há muitos anos sou fanzaço do cara. Possui uma voz única. Em suas letras, utiliza a sonoridade das palavras de forma incomum (como só os verdadeiros poetas sabem fazer). E as músicas são de uma simplicidade absolutamente complexa, se é que me faço entender.
Há muitos anos acompanho sua carreira, há muitos anos sou fanzaço do cara. Possui uma voz única. Em suas letras, utiliza a sonoridade das palavras de forma incomum (como só os verdadeiros poetas sabem fazer). E as músicas são de uma simplicidade absolutamente complexa, se é que me faço entender.
Young foi figura fundamental em bandas como Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash & Young, gravou muitos discos essenciais – ‘After the Gold Rush’, ‘Tonight’s the Night’. ‘Rust Never Sleeps’, ‘Harvest’, ‘On the Beach’, ‘Time Fades Away’, ‘American Stars N’Bars’, ‘Hawks & Doves’, para citar só alguns -, e transita com maestria, do rock sujo e pesado (ao lado do demolidor trio Crazy Horse, que o acompanha há décadas, entre idas e vindas) ao mais puro ‘acoustic country’.
Em 1996 foi lançado ‘Year of the Horse’, belo documentário (todo filmado em super 8!) sobre uma das turnês de Young ao lado do Crazy Horse, dirigido por Jim Jarmusch (de ‘Down by Law’ e do recente ‘Flores Partidas’).
Em 1996 foi lançado ‘Year of the Horse’, belo documentário (todo filmado em super 8!) sobre uma das turnês de Young ao lado do Crazy Horse, dirigido por Jim Jarmusch (de ‘Down by Law’ e do recente ‘Flores Partidas’).
Em 2001, Neil Young e o Crazy Horse fizeram um show devastador, espetacular mesmo, no Rock in Rio. Infelizmente, exatamente naquela semana eu estava na Suécia, viajando a trabalho; e pasmem: dois dias após o show, comprei numa lojinha em Estocolmo, o CD duplo, evidentemente pirata, da apresentação dele no Rio. Na volta, assisti ao vídeo do show – que meu filho teve a imensa gentileza de gravar pra mim – e confirmei: aquele fora o melhor show que NÃO VI na vida...
Há décadas envolvido em causas ambientais, sociais e políticas, Young lançou, em 2005, um CD inteirinho dedicado a desancar o limítrofe George Bush – o nome do disco, ‘Living with War’; a faixa principal, ‘Let’s Impeach the President’.
Dois anos atrás, Neil Young passou por delicada cirurgia para tratar de um aneurisma no cérebro; recuperou-se totalmente e voltou à ativa em 2006. Foi à Nashville (a cidade berço da country music), reuniu velhos amigos, compôs um monte de novas músicas e estreou o repertório inédito no histórico Ryman Auditorium, belíssima sala de concertos da cidade. O show, emocionante, foi registrado em DVD por Jonathan Demme (o mesmo de ‘Silêncio dos Inocentes’, de Philadelphia’ – cuja música-título é de Young – e de ‘Stop Making Sense’ dos Talking Heads). Não se pode perder esse filme, que traz todas as músicas que em seguida comporiam o CD ‘Prairie Wind’ e que reúne, também, recriações para algumas das melhores músicas da trajetória de Neil Young.
Tive poucos ídolos no decorrer da minha vida; hoje em dia, então, conservo pouquíssimos. Neil Young é um deles.