quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Forever Young



“Aurora borealis/The icy sky at night/Paddles cut the water/In a long and hurried flight/From the white man/to the fields of green/And the homeland/we've never seen”

Esses são os primeiros versos de ‘Pocahontas’, uma das muitas maravilhosas músicas de Neil Young, artista canadense de 62 anos, verdadeira ‘lenda viva’ e um dos pouquíssimos rockstars que souberam (e sabem) envelhecer com dignidade. Nessa música, o compositor desenvolve belíssima fábula unindo a história dos índios americanos à dos esquimós do Alasca, fazendo uma analogia com o incrível fenômeno da aurora boreal, privilégio das áreas próximas ao Pólo Norte.
Há muitos anos acompanho sua carreira, há muitos anos sou fanzaço do cara. Possui uma voz única. Em suas letras, utiliza a sonoridade das palavras de forma incomum (como só os verdadeiros poetas sabem fazer). E as músicas são de uma simplicidade absolutamente complexa, se é que me faço entender.

Young foi figura fundamental em bandas como Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash & Young, gravou muitos discos essenciais – ‘After the Gold Rush’, ‘Tonight’s the Night’. ‘Rust Never Sleeps’, ‘Harvest’, ‘On the Beach’, ‘Time Fades Away’, ‘American Stars N’Bars’, ‘Hawks & Doves’, para citar só alguns -, e transita com maestria, do rock sujo e pesado (ao lado do demolidor trio Crazy Horse, que o acompanha há décadas, entre idas e vindas) ao mais puro ‘acoustic country’.
Em 1996 foi lançado ‘Year of the Horse’, belo documentário (todo filmado em super 8!) sobre uma das turnês de Young ao lado do Crazy Horse, dirigido por Jim Jarmusch (de ‘Down by Law’ e do recente ‘Flores Partidas’).

Em 2001, Neil Young e o Crazy Horse fizeram um show devastador, espetacular mesmo, no Rock in Rio. Infelizmente, exatamente naquela semana eu estava na Suécia, viajando a trabalho; e pasmem: dois dias após o show, comprei numa lojinha em Estocolmo, o CD duplo, evidentemente pirata, da apresentação dele no Rio. Na volta, assisti ao vídeo do show – que meu filho teve a imensa gentileza de gravar pra mim – e confirmei: aquele fora o melhor show que NÃO VI na vida...

Há décadas envolvido em causas ambientais, sociais e políticas, Young lançou, em 2005, um CD inteirinho dedicado a desancar o limítrofe George Bush – o nome do disco, ‘Living with War’; a faixa principal, ‘Let’s Impeach the President’.

Dois anos atrás, Neil Young passou por delicada cirurgia para tratar de um aneurisma no cérebro; recuperou-se totalmente e voltou à ativa em 2006. Foi à Nashville (a cidade berço da country music), reuniu velhos amigos, compôs um monte de novas músicas e estreou o repertório inédito no histórico Ryman Auditorium, belíssima sala de concertos da cidade. O show, emocionante, foi registrado em DVD por Jonathan Demme (o mesmo de ‘Silêncio dos Inocentes’, de Philadelphia’ – cuja música-título é de Young – e de ‘Stop Making Sense’ dos Talking Heads). Não se pode perder esse filme, que traz todas as músicas que em seguida comporiam o CD ‘Prairie Wind’ e que reúne, também, recriações para algumas das melhores músicas da trajetória de Neil Young.


Tive poucos ídolos no decorrer da minha vida; hoje em dia, então, conservo pouquíssimos. Neil Young é um deles.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O horror... o horror!


Notícia incrível no jornal de ontem: “Papa beatifica 498 mortos na Guerra Civil Espanhola”. Pois é... o Bento XVI, em mais uma demonstração de seu conservadorismo – que já passou de patético para extremamente preocupante -, armou a maior cerimônia de beatificação em massa já realizada pelo Vaticano, abrindo caminho para a santificação desse monte de católicos que, entre 1934 e 1937, foram mortos por forças republicanas que lutavam contra a instalação do regime de terror do ‘generalíssimo Francisco Franco. Diz a matéria da Folha: ‘O ato foi interpretado como uma crítica implícita ao governo do primeiro-ministro José Luiz Zapatero, pois a igreja apoiou abertamente as forças fascistas de Franco, que, vitorioso na guerra civil, governou o país com mão-de-ferro até sua morte, em 1975’. Zapatero, aliás, luta para aprovar lei que, entre outras coisas, permite a exumação de fuzilados da guerra civil que estão até hoje em centenas de valas comuns. Entre eles, o poeta Federico Garcia Lorca, morto pelos franquistas em 1936’. Foram dezenas de milhares de perseguidos e mortos pelo exército sanguinário de Franco, famílias inteiras dizimadas com requintes de crueldade – muitas delas, a partir do ‘dedoduro’ dos católicos agora beatificados. Consta que as relações entre o governo espanhol e o Vaticano estão estremecidas desde 2004, quando os socialistas chegaram ao poder e introduziram uma legislação que facilita o casamento gay e o aborto.
O passado de Ratzinger o condena, e seu olhar tem um assustador aspecto maligno – pra mim, é difícil olhar diretamente em seus olhos. Mais ainda depois desse absurdo de beatificação, que revela nojento aspecto vingativo na personalidade deste que se diz o 'Santo Padre'. A Espanha viveu na penumbra por 40 anos; quem viu ‘O Labirinto do Fauno’ – um dos filmes mais impressionantes dos últimos tempos -, sabe exatamente do que estou falando.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sweet Home... Chicago!


Como muita gente, ando meio ‘de mal’ com os Estados Unidos, desde que o estropício Bush assumiu a presidência e desandou a fazer kgadas com sérias consequências no mundo todo. Meu visto, por exemplo, venceu há quase um ano e ainda não tive a mínima disposição para renová-lo... Apesar disso, não compartilho do raciocínio pequeno de várias pessoas, que demonizam o país – e seus habitantes – como se formassem todos, uma única massa disforme, ignorante e atrasada. Evidentemente, existe muita coisa boa por lá e inclusive, muita gente legal. E cidades, também... Uma delas, entre as que eu conheço, é Chicago. Estive três vezes ali, na capital do estado de Illinois, e ‘fell in love with the city'. A arquitetura é belíssima, unindo modernidade (no melhor sentido do termo) com o tradicionalismo triunfante de prédios como o que abriga a sede do Chicago Tribune – tudo isso em uma cidade cortada por canais e em boa parte, dominada pelo grande Lago Michigan. E tem a parte mais antiga da cidade, que nos remete imediatamente aos cenários típicos dos ‘Intocáveis’ e dos tempos da Lei Seca.
É uma cidade para se morar, não fosse o problema do inverno... pois é, faz frio e venta demais na cidade, pelo menos por quatro meses durante o ano (não por acaso, um dos seus apelidos é ‘Windy City’) e sabe-se que o enorme Lago Michigan fica totalmente congelado no inverno; fico imaginando o frio que deve fazer, e por quanto tempo, pra congelar aquela incrível massa aquática...
Mas Chicago é também uma cidade dominada pela história do blues: a terra onde nomes como Muddy Waters e Buddy Guy fizeram história... é lá que fica a sede da sensacional House of Blues, o maior e mais famoso dos ‘blues bars’ da cidade. Quando estive pela primeira vez no House of Blues, tive o privilégio de assistir a uma ‘canja’ de Pete Townshend (líder do The Who), que tocou, ao lado da banda da casa, um espetacular repertório de ‘traditional blues’, mesclado com alguns dos sucessos do Who e de sua carreira-solo, em inusitadas versões ‘blueseiras’. No ano seguinte, voltei ao House of Blues e tive a surpresa de encontrar à venda um CD daquele histórico show.
Chicago é uma cidade que entra, sem dúvida nenhuma, na minha lista de ‘top 10 of the world’.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Musas de Qualquer Estação


O pai dela foi toureiro e ela nasceu em Sevilha, na Andaluzia. Essa é a Paz Vega, na foto acima em cena de seu primeiro filme que foi sucesso mundial, o sensualíssimo 'Lúcia e o Sexo'. Antes disso, a morena já era estrela da TV e do cinema na Espanha, mas foi depois de 'Lúcia' que sua carreira deslanchou: ganhou um papel no maravilhoso 'Fale com Ela', de Almodóvar, e estrelou a comédia bobinha (porém deliciosa) 'Espanglês', ao lado de Adam Sandler e Tea Leoni. Paz Vega vive em Madri, tem 31 anos e com certeza, um grande futuro pela frente. E a gente aqui, esperando pra ver mais da caliente y muy guapa chica...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Mulheres.. ah, as mulheres!!


Sempre me considerei um feminista, no melhor sentido do termo... sempre abominei qualquer discriminação contra mulheres, qualquer violência contra as mulheres, qualquer grosseria contra as mulheres. E hoje, me senti recompensado lendo o artigo do Ruy Castro na Folha, de título “Pela Maria da Penha”. Ruy começa criticando o juiz de Sete Lagoas, MG, que declarou ‘inconstitucional’ a Lei Maria da Penha, que protege a mulher contra as agressões do marido ou companheiro – “O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus era homem!”, declarou o idiota do juiz. Ruy escreve que o homem só faz o que faz – constrói submarinos, promove guerras, levanta cidades, pinta capelas, compõe baiões ou escreve ‘Memórias de um Sargento de Milícias’ para se compensar pelo fato de não ter ovários. Sensacional! Assino embaixo!
Ao final do brilhante textículo (opa!), o ‘nosso’ Ruy diz que uma avaliação da inteligência na escala animal, feita pela OMS, coloca o homem em 1º, o chimpanzé em 2º. e o gato em 3º. E o Ruy rebate: “Baseando-me em meio século de observação empírica, sou mais pela mulher em 1º., o gato em 2º. e o chimpanzé em 3º. O homem emplacaria, se tanto, um 6º. Lugar, depois do pernilongo e do papagaio. Já me convenci, inclusive, de que o homem é só o um instrumento usado pelas mulheres para produzir mais mulheres”.
HAHAHAHA, genial!!
Conheço o Ruy Castro pessoalmente há certo tempo, um cara super-inteligente, de excelente texto e de um humor cáustico, irônico, finíssimo. Uma grande figura e que hoje sobe ainda mais no meu conceito – ao reconhecê-lo feminista de carteirinha, assim como eu.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Enquanto isso, no Norte de Portugal...


Recebi essa notícia, li e reli e não entendi o porquê do nome da feira... perguntei aos meus informantes d'além mar, que prontamente me responderam: 'ora, pois és mais quadrúpede que os ovinos e caprinos! chama-se 'feira da foda' porque o gajo lá comparece e é enrabado, ou seja, comido! porque comprou uma cabra mais cara que a que encontrou depois'.
Tá bom então... depois dessa, prometo nunca mais contar nenhuma piada de português.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A grande Joni e uma historinha de hipocrisia...


A boa notícia que abre a semana é a volta de Joni Mitchel à música; a cantora e compositora canadense, ícone da geração folk/rock que despontou na esteira de Bob Dylan, nos anos 60, havia se cansado do ‘showbiz’ há cerca de 10 anos – quando lançou o excelente CD ‘Taming the Tiger’ – e anunciou sua precoce aposentadoria. Passaria a se dedicar ao 'dolce far niente' e à pintura (o auto retrato acima é um exemplo de sua produção nessa área). Tinha – e tem – todo o direito de fazer isso, é lógico, mas para a legião de seus admiradores, foi uma verdadeira desgraça. Agora, por matéria publicada na Ilustrada de hoje, sabemos que ela voltou atrás e até já lançou um CD de inéditas, de título ‘Shine’.
Joni Mitchell surgiu em 1968 com ‘Song to a Seagull’, com produção de David Crosby (do Crosby, Stills, Nash & Young). Logo depois, compôs ‘Woodstock’, música fundamental na época e eternizada pelo quarteto C,S,N &Y; mais do que isso, sua ligação com eles, que logo merecerão post exclusivo neste blog, se aprofundou ao casar-se com Graham Nash.
Joni lançou em 1970 uma verdadeira obra-prima, o LP ‘Blue’ – uma das músicas desse disco, a belíssima ‘River’ foi recentemente regravada, com maestria, por Madeleine Peyroux (com participação de k.d.lang) em seu CD mais recente. Joni também enveredou por outros caminhos, aproximando-se do jazz e gravando com Jaco Pastorius, Wayne Shorter e Pat Metheny (discos imperdíveis dessa fase: ‘Don Juan’s Reckless Daughter’ e ‘Mingus’). Sempre manteve a postura digna de uma artista avessa à badalação; aliás, talvez por vivermos estes tempos idiotas de culto a celebridades vazias, ela tenha se resolvido pelo afastamento...
Bem, mas falando de Joni e de Crosby, Stills, Nash & Young, me lembrei de certa vez, quando trabalhava na Warner e fui almoçar com uma cantora francesa que passava por aqui. O nome dela era Veronique Sanson e a música que fazia não me interessava absolutamente, mas fiz questão de convida-la pra almoçar só porque soube que ela havia sido casada com Stephen Stills (do C,S,N & Y), hehehe...
Pois não é que aquela francesa – elegantérrima e até então inabalável em sua postura blasé -, ‘subiu nas tamancas’ à mera menção do nome do ex-marido? O grupo do qual ele fazia parte era famoso nos anos 60/70 por suas músicas pacifistas e seu engajamento em causas nobres de direitos humanos e coisa e tal. E a Veronique me disse aos berros: ‘Nem me fale desse FDP: o cara quase me matou de tanto me bater e ainda era obcecado por armas: mantinha em casa uma sala cheia de revólveres, facas de todos os tipos, fuzis e metralhadoras que ele colecionava. Dava muito mais valor a um 38 do que a mim. Não quero ouvir falar desse desgraçado!’
Bem... mas a Joni Mitchell não tem nada a ver com isso, é lógico... Welcome back, Joni!!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Musas de Qualquer Estação


A cada sexta-feira, um post sobre uma mulher – só as muito especiais, capazes de tirar nosso sono e de povoar nossas mais secretas fantasias. Inaugurando a seção, a atriz inglesa Charlotte Rampling, nascida em 05 de fevereiro de 1946. Charlotte trabalhou com grandes diretores (Luchino Visconti, Alan Parker e Woody Allen, por exemplo) em filmes como ‘Zardoz’, ‘O Porteiro da Noite’, ‘Coração Satânico’, Stardust Memories’ e o recente ‘A Piscina’, onde se mostra ainda incrivelmente sensual aos 57 anos. Charlotte Rampling foi casada com o multi-instrumentista e mega-chato Jean Michel Jarre, o que só confirma a tese de que todo mundo tem mesmo alguma mancha no passado...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Graaaande Melô!!!


Era um domingo de verão em São Paulo. Sol pleno, a quadra do Colégio Equipe (na Rua Martiniano de Carvalho) lotada desde as duas da tarde para o show marcado para as quatro. Bons tempos aqueles, em que o colégio, depois dos dias de glória no saudoso prédio da rua Caio Prado, vivia os extertores da movimentação cultural iniciada - e ainda comandada, na época - pelo Serginho Groisman.
O show aguardado era do Luiz Melodia, e os produtores eram eu e o grande amigo RB, então empresário do superlativo artista surgido no morro do Estácio e ‘descoberto’ por Waly Salomão. Compositor dos melhores da música brasileira, poeta de mão cheia e pessoa única - uma autêntica ‘figuraça’ -, Melodia era constantemente mencionado como um dos artistas ‘malditos’ da MPB (cultuados pela ‘intelligentsia’ e rechaçados pelas gravadoras). Melô não gostava e tentava se livrar do rótulo de maldito, mas a realidade jogava contra.
Nesse dia, por exemplo, chegaram as 4 da tarde e nada do cara aparecer no Equipe. Ligamos pro hotel, ele não estava: “Saiu há mais de uma hora pra ir pra aí”, nos disse o sujeito da recepção. O público, apertado, suarento e já embalado por alto teor etílico, começava a ficar indócil... quatro e meia, nada do Melô; cinco, cinco e meia, clima de revolta popular, ameaça de quebra-quebra, desentendimentos e brigas surgindo aqui e ali, no meio do público. Conseguimos uma mangueira de bombeiro pra aliviar o calor da turba revoltada e liberamos a distribuição de garrafas de água, mas tava muito difícil de segurar aquela onda. Às seis e meia da tarde, chega o Melodia. ‘Cara, onde você estava?? Tá todo mundo aí te esperando há mais de quatro horas!!’ E ele, completamente desencanado: ‘Tava vindo pra cá, mas passei em frente a um cinema e me deu uma vontade danada de ver aquele filme!’...
Subiu no palco às sete da noite, sob os mais diversos xingamentos e até tendo que se desviar de algumas latinhas de cerveja arremessadas. Começou a cantar e, na segunda música, já tinha todo o público a seu lado. Foi um dos melhores shows que já vi do Luiz Melodia...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Peteleco!


Esse é o jogo! Viciante sem ser desagregador - ao contrário! Exige técnica, mas não exclui ninguém. Possibilita as mais variadas ‘firulas’ mas é extremamente fácil. E reza a lenda - ou pelo menos (o que não é pouco), a ‘musanna’: um alto teor etílico colabora na performance. Peteleco! OBA!!

P.S: Foto da KB e 'mãosanta' do LPE!

domingo, 14 de outubro de 2007

Quarto de Século


Há 25 anos, exatamente nesta data, 14 de outubro, algo inimaginável aconteceu: eu nasci de novo!!!

Saí mais uma vez do útero materno, pouco a pouco comecei a reconhecer luzes e sombras, figuras, rostos, objetos.
As primeiras expressões, reações, olhares, sorrisos, choros, dores.
Fui crescendo junto com ele, me reconhecendo em suas manhas e pequenas alegrias.
Espontaneidades e ingenuidades - e eu junto, me lembrando de coisas que não sabia que estavam em minha memória.

E tem sido assim... que jornada!

Parabéns, Gabriel, pelos seus 25 anos.
Parabéns por ser o que é e obrigado por ter me concedido a dádiva de uma segunda vida.
Parabéns, filho.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Feriado?


Sempre que chega um feriado prolongado como este e começo a ver essas notícias dos milhões de carros que deixarão São Paulo, mais eu gosto de ficar na cidade nessas ocasiões.

DETESTO estrada congestionada, DETESTO passar calor dentro de um carro, DETESTO me preocupar com a possibilidade do carro quebrado no meio de uma Imigrantes, DETESTO ter que pensar a que horas é melhor voltar. DETESTO cada vez mais tudo isso!!

Banho de esguicho pela manhã, cineminha de tarde e buteco à noite - é tudo o que eu quero!!!!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Give Peace a Chance


Desde ontem, esse incrível facho de luz ilumina o Mar do Norte, a partir de uma ilha que faz parte da Islândia, pertinho da capital do país, Reykjavic. É a ‘Imagine Peace Tower’, concebida por Yoko e John há trinta anos e inaugurada na data em que John Lennon completaria 67 anos, dia 09 de outubro de 2007. A ‘torre’ ficará iluminada todos os anos do dia 09 de outubro ao dia 08 de dezembro, data em que John foi assassinado. A torre de luz é, na verdade, uma espécie de farol em favor da Paz Mundial. Em sua base, um ‘poço dos desejos’ abriga mais de 495 mil ‘desejos’, cuidadosamente embalados em pequenas cápsulas, e recolhidos/e ou recebidos por Yoko nos últimos anos, de pessoas espalhadas pelo mundo. Ainda é possível enviar o seu desejo, para o email imaginepeacetower@mac.com.

Palavras de Yoko Ono ontem, durante a inauguração da torre:

“Escolhi a Islândia para a instalação da Imagine Peace Tower porque é o país mais ‘amigo da natureza’ que existe no mundo. 80% da energia utilizada vem da água, ao invés do petróleo; e por causa disso, o ar, a água e a terra, aqui, são incrivelmente puros e limpos. E a energia da torre também vem da água. Eu espero que a Imagine Peace Tower seja a luz que nos lembrará da importância do desejo coletivo pela Paz Mundial, nos enchendo de coragem, inspiração e com um sentido de solidariedade, em meio a um mundo cheio de medo e confusão. Vamos nos juntar para imaginar um mundo pacífico. Pessoalmente, me considero uma pessoa afortunada por ver o sonho que eu e meu companheiro de vida sonhamos juntos, tornar-se realidade"

John Lennon foi um tanto ingênuo em manifestações como o famoso ‘Bed-in’ (ao lado de Yoko) e em letras como ‘Imagine’; e a própria ‘Imagine Peace Tower’ parece ir nesse mesmo caminho. Mas não sou daquelas ‘viúvas dos Beatles’ que costumavam (costumam?) eleger Yoko como a ‘bruxa má do Oriente’ ou a ‘mulher que acabou com o melhor grupo musical de todos os tempos’. Simpatizo com ela, respeito seu trabalho e sempre me impressionei com a incrível história de amor do casal. Ingenuidade? Que bom que ainda existem pessoas assim por aí. Love You, Yoko..

terça-feira, 9 de outubro de 2007


- “Ainda não leu o meu blog?”
- “Por que? Não acho você interessante nem pessoalmente...”


Por absoluta falta de tempo (e principalmente, competência técnica), ainda não consegui colocar aqui um monte de coisa que gostaria – como, por exemplo, links para blogs que recomendo. Assim, resolvi fazer um post com a sugestão de alguns destes blogs, cujos autores, ao contrário das galináceas aí de cima, são interessantíssimos - tanto pessoal como virtualmente...

- o primeiro que me vem à mente é o blog da lúcia (http://www.frankamente.blogspot.com/), que aliás se candidatou a ser minha ‘personal blogger consultator’ mas que, até agora, não me deu uma dica sequer... hehehe...

- também gosto muito do armazém do peri s.coppio (http://armazemperisc.blogspot.com/), do ao cubo do guga (http://gugaalayon.blogspot.com/), do dito assim (http://www.ditoassim.blogger.com.br/) do jaymão (grande texto!), da delicada e criativa beleza do trabalho da silvia (http://cobradevidro.blogspot.com/), do besteirol neurótico-obsessivo da rosana hermann (http://queridoleitor.zip.net/), da metralhadora giratória do ricardo soares (http://todoprosa.blogspot.com/)

- e tem também a amiga jornalista ana carmen foschini, que tem um blog bacana (http://www.anacarmen.com/blog/) e pra quem abro espaço pro convite abaixo:

“Dia 12 de outubro, esta sexta-feira, feriadão, calor, 14h, tem workshop sobre blogs no Conjunto Nacional. É aberto, é gratuito, é começo da tarde, espero que você apareça para um bate-papo. Não pensei em aulinha técnica básica, é muito chatonildo isso. Vou falar sobre alguns dos conceitos básicos relacionados a esse universo. Por isso, sua contribuição será bem-vinda. O encontro é no Espaço Cultural Caixa Econômica, no Conjunto Nacional e faz parte do Corredor Literário na Paulista. Apareça, aproveite o feriado para um bom papo”.

E assim que a luciafranka se dispuser a me atender, esse blog vai incluir muito mais coisa, podem ter certeza.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Nus, mas com as mãos nos bolsos...


Matéria no Estadão de hoje, ‘Nudistas querem moralizar praia’, fala sobre a luta da Associação de Naturismo de Abricó para manter a ‘ordem’ na praia de 250 metros de extensão, perto de Grumari, no Rio de Janeiro, e estabelecida como praia de nudismo desde 1994. A Associação acusa ‘forasteiros’ de fazer sexo na praia e de ali realizarem até filmagem de fitas pornô. Fiquei pensando que o grande problema dos nudistas é se equilibrarem entre ‘liberdade’ e ‘libertinagem’. São dois conceitos vagos e subjetivos; por isso, me parece que muitas vezes os nudistas acabam sendo uns chatos, paradoxalmente moralistas ao extremo, para garantir um direito – o do naturismo – que acaba tendo tantas regras que de ‘natural’ mesmo, sobra muito pouco. Pedro Ribeiro, presidente da Associação, conta um caso que é, para mim, emblemático. Na matéria, ele diz que, há duas semanas, teve de chamar a atenção de um suíço, já cinquentão, que passeava com a mulher. O casal estava nu à beira da praia, mas o problema não era bem esse: “Ele estava tendo uma ereção. Não pode. Falei gentilmente que ele deveria pensar em outra coisa, na sogra, por exemplo, ou dar um mergulho na água fria, até se recompor”. HAHAHA, muito engraçado!!! Ter uma ereção numa praia de nudismo é sinal de ‘libertinagem’? Ter uma ereção é anti-natural’?? Vixi, é muito complicado ser nudista! To fora! E isso, sem contar a areia na bunda...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

No Céu com Diamantes


Não encontrei, em nenhum dos ‘jornalões’, qualquer menção ao fato: ontem, dia 04 de outubro, completaram-se 37 anos da morte de Janis Joplin – ela tinha apenas 27 anos e morreu por conta de uma overdose de heroína em um hotel de Los Angeles. Ícone hippie e um dos maiores símbolos dos loucos anos 60, Janis foi única: ‘branca com voz de negra’, atitude rebelde, sensualíssima - mesmo na feiúra que tanto a incomodava -, cheia de namorados(as) e ao mesmo tempo muito mal amada, completamente excessiva e com um repertório de muitos pontos altos (e alguns baixos). Um ótimo documentário, de nome ‘Janis’, foi feito alguns anos após a sua morte, mas não me consta que tenha sido alguma vez reprisado nos cinemas, não é encontrável em DVD e nem faz parte da programação dos canais a cabo, aqui ou no exterior. Problemas com direitos autorais, talvez... Depois, veio o filme ‘The Rose’, em boa parte (mas não assumidamente) inspirado na vida de Janis Joplin e com uma excepcional interpretação de Bette Midler. A morte de Janis, muito próxima ao desaparecimento de Jimi Hendrix, de Jim Morrison e do final dos Beatles, levou John Lennon a declarar a sua célebre frase “The dream is over”, marcando o fim de um período, o suspiro derradeiro de uma geração que acreditava, sinceramente, estar a um passo da Era de Aquarius. Mas Janis Joplin segue sendo, para a história do rock, o que Elis Regina é para a música brasileira: a maior cantora, o parâmetro, o máximo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O Mauricinho, cara a cara com o Brasil Real


Depois de assaltado em São Paulo e ver surrupiado o seu querido Rolex, o‘Mauricinho’ L.H. (aquele, casado com a moça que 'ia de táxi')escreveu um artigo imbecil pra Folha de S. Paulo. O cara tem, como era de se esperar, uma visão absolutamente simplista e alienada do complexo problema da violência nas grandes cidades. Se diz triste pela condição dos sujeitos que o assaltaram, mas deixa claro que a cadeia é o único caminho pra eles. O que o Mauricinho não enxerga é que a cadeia talvez não fosse necessária se as gerações e gerações anteriores de janotas como ele, tivessem tido uma postura no mínimo menos predadora, no passado escravagista e excludente que privilegiou e forjou as tais ‘elites brancas’ do País, comprovadamente entre as mais perversas do mundo, em qualquer tempo. E seria uma boa também se o sujeito usasse o episódio do assalto pra ensinar algo de interessante a seus grandes amigos (e sócios em diversos negócios). Estou falando de gente inútil, arrogante e perdulária como JP Diniz, A.Accioly e R.Mansur. E pra concluir, sugiro que o Mauricinho compre um outro Rolex e o enfie no cu; quem sabe assim, ele passe a fazer kgadas só com hora marcada.
PS: esse post foi inspirado em excelente texto sobre o tema, publicado pelo meu amigo Ricardo Soares no blog http://todoprosa.blogspot.com/

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Esse era o Tim...


Depois de meses de muita conversa, de idas e vindas dos dois lados, finalmente conseguimos: era início da década de 80 e promovemos – eu e o Marcos Vinícius, grande figura – o acordo de paz entre a TV Globo e Tim Maia. Ficou combinado que ele gravaria o clip da música ‘Acenda o Farol’ para o Fantástico (sim, o Fantástico produzia e passava videoclips!). Mas como se tratava do Tim, eu e o Marquinho resolvemos ir pro Rio, no dia da gravação, pra pegar o cara em casa e levá-lo até o local da gravação, de forma a garantir que nada desse errado. Antes de sair de Congonhas, liguei pra ele: ‘Tim, em uma hora a gente passa aí na sua casa pra ir lá pra Globo, certo?’ E ele: ‘Chegaí merrrmão!’ Ao pousar no Stos Dumont, nova ligação: ‘Tim, em 15 minutos a gente ta aí!”. Não havia celular na época.... O Tim morava numa casa no alto de uma daquelas ladeiras que saem do fundão de Copacabana e vão subindo a montanha. Nosso táxi foi até a metade da ladeira, quando o motorista parou e mandou a gente descer: ‘esse carro não agüenta a ladeira; daqui vocês têm que ir a pé’. Fazer o que, né? Aquele calor senegalês e nós lá, subindo ainda uns 500 metros de paralelepípedo. Finalmente, chegamos. Tocamos a campainha. O pesado portão de madeira é aberto por um rapaz que, ante a nossa identificação, vai logo dizendo: ‘O seu Tim disse que vocês podem voltar, porque ele não vai mais’. Ato contínuo, bate o portão na nossa cara. Toquei de novo, lá vem o cara novamente, só que agora irritado: ‘Ele não vai, pô; que pedaço do não vocês não entenderam? Área, Área!!’. Nisso, olho por cima do ombro do sujeito e vejo o Tim lá no fundo, lendo jornal numa espriguiçadeira. Grito: ‘Ô Tim, o que aconteceu? Vamolá que tá tudo armado, a equipe inteira te esperando, pô!’ E ele: ‘Eu não vou mais e pronto. Chega desse papo’! Continuamos tentando, aos berros, argumentar com ele mas eis que de repente aquele vozeirão inesquecível ordena pro assistente no portão: ‘SOLTA OS CACHORROS!!!’ Eu e o Marquinho tivemos um momento de parvonice e atabalhoamento, que durou só o tempo do sujeito escancarar o portão e a gente ver dois enfurecidos dobbermans em desabalada carreira, vindo lá do fundo do jardim. Descemos aquela ladeira correndo, com os bichos nos nossos calcanhares, até pularmos o muro de uma casa e invadirmos a cozinha onde uma pacata senhora escolhia grãos de feijão... Depois desse episódio, Tim só retornaria à Globo em um dos programas da série ‘Chico & Caetano’. Os dois batalharam para que a Globo o aceitasse no programa, depois batalharam para que o Tim aceitasse o convite. Deu tudo certo, afinal: na passagem de som, à tarde, Tim e a banda Vitória Régia arrasaram, apesar das costumeiras reclamações: ‘Mais retorno, mais voz, mais baixo, mais TUDO!!’. Saíram todos às 7 da noite, todo mundo feliz, já antevendo o grande programa que seria gravado dali a duas horas. Mas a noite chegou, a gravação rolou, a noite acabou e o Tim não apareceu...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

ÂPIDEITE



o título do post abaixo é uma singela homenagem ao cartunista Fortuna, criador das impagáveis tirinhas 'Madame e seu bicho muito louco'

Eu e meu bicho muito louco


Esse aí é o Chico, o meu cachorro... O assunto está na moda, ao que parece. Somente na última semana, foi abordado pela Franka, em crônica para o suplemento Morar, da Folha, pelo Dagô em seu blog (http://www.dagomir.blogspot.com/), e ontem li na revista da Folha que quase 50% dos domicílios paulistanos possuem algum tipo de bicho de estimação. Mas o Chico é um caso à parte. Primeiro, porque tecnicamente não é ‘meu’. Comprei-o para a minha filha, mas por diversos motivos (alguns explicáveis, outros misteriosos), a coisa não deu certo e acabei ‘herdando’ o bicho; inclusive me mudei de apartamento para acomodá-lo. O fato é que um mero cocker spaniel tornou-se uma fera traiçoeira e (quase) intratável. A idéia inicial era se livrar dele, mas a quem se dá um cachorro já grande (1 ano, na época) e da ‘pá virada’? Por incrível que pareça, um amigo aceitou: ‘Já tenho dois cockers, moro numa casa grande e quem tem dois, pode ter três. Leva ele lá no sábado’, me disse todo animado. Fui ressabiado, sabia que não daria certo... Dito e feito: chegando lá, o Chico aterrorizou os dois cockers do meu amigo, que imediatamente abandonou a idéia da acolhida; mas me indicou um tratador. Chico ficou por um mês naquele ‘spa canino’ e melhorou bastante, mas não o suficiente pra continuar na casa da minha filha. Sobrou pra mim, então... Há questão de 1 ano, me indicaram o livro 'O Encantador de Cães', que li no original em inglês e que, agora soube, foi lançado no Brasil. O autor (Cesar Millan) virou ‘celebridade’ nos EUA, como adestrador dos cachorros de gente como Will Smith e Oprah Winfrey, mas independentemente disso, o cara é bom mesmo. A partir do livro, mudei minha postura com o Chico, botei em prática as dicas do Cesar e virei, rapidamente, o ‘líder da matilha’. Impressionante... mas tenho toda a consciência de que o Chico melhorou muito porque eu melhorei, é lógico. E ainda descobri que dá pra aplicar as idéias do Cesar no trato com muitos humanos, hehe.. Bem, mas o melhor é que agora já dá até pra pensar em marcar o tão adiado ‘churrasco na laje’!! Preparem-se!!!